Valuation em tempos de juros altos: estratégias para não perder valor

Por que o cenário mudou

Nos últimos dois anos, o ambiente global de juros elevados tem pressionado o mercado de fusões e aquisições (M&A) de forma significativa. Dados recentes da PwC mostram que os múltiplos médios de transação caíram de 14,3× para 10,8× EBITDA, refletindo o aumento do custo de capital, a maior aversão a risco e a exigência de retorno mais alto pelos investidores.

Em outras palavras, o mesmo negócio que há alguns anos era avaliado em 100 milhões hoje pode valer entre 25% e 30% menos, mesmo com resultados operacionais estáveis. Essa mudança exige um olhar técnico e adaptativo dos empresários e consultores envolvidos em valuation em tempos de juros altos. O desafio agora é claro: preservar valor em um mercado mais seletivo, sem depender apenas de múltiplos históricos.

Análise de valuation e governança financeira
Análise de valuation e governança financeira

Ajuste o modelo ao novo custo de capital

Em um cenário de juros elevados, o WACC (Weighted Average Cost of Capital) se torna o principal fator de compressão nas avaliações. Empresas que continuam aplicando taxas defasadas acabam inflando seus valuations e perdendo credibilidade nas negociações.

A recomendação é revisar taxas livres de risco atualizadas (como Selic ou Treasuries), prêmios de risco de mercado e setoriais, além do custo de dívida real considerando spreads bancários e risco-país.
Como mostra o Banco Central do Brasil, a taxa Selic tem permanecido em patamares historicamente altos, o que impacta diretamente o custo de capital e o apetite por risco. O valuation precisa refletir o mundo como ele é, não como gostaríamos que fosse.

Reforce a previsibilidade do fluxo de caixa

Em contextos de incerteza, investidores pagam mais por segurança e recorrência do que por promessas de crescimento acelerado. Empresas com contratos contínuos, carteira de clientes diversificada e margens estáveis resistem melhor à compressão de múltiplos.

Por isso, é fundamental reduzir a dependência de poucos clientes, garantir previsibilidade de receita e aprimorar a governança financeira. O artigo A importância da governança financeira no M&A mostra como práticas sólidas de controle e transparência aumentam a confiança do investidor e sustentam o valuation.

Negócios previsíveis preservam valor mesmo quando o mercado se retrai.

Valorize seus intangíveis com método

Em períodos de juros altos, ativos intangíveis como marca, base de dados, tecnologia, contratos e know-how ganham papel central na defesa de valor. No entanto, muitas empresas médias ainda subestimam esses ativos ou os apresentam de forma pouco mensurável.

A recomendação é documentar e mensurar base de clientes, propriedade intelectual, sistemas próprios e estrutura de processos. A cultura organizacional, quando bem estruturada, também pode agregar valor ao valuation, especialmente em empresas com histórico de retenção de talentos e inovação.

Um intangível sem lastro documental é apenas uma boa narrativa. Com documentação e métricas claras, torna-se um ativo estratégico.

Revise os múltiplos de referência

Os múltiplos de EBITDA ou receita devem ser analisados com cautela, especialmente em 2025. Com a queda média global para 10,8× EBITDA, é essencial entender que cada setor reage de forma diferente.

Empresas de tecnologia e SaaS ainda operam acima de 12×, enquanto serviços e saúde mantêm estabilidade entre 8× e 10×. Já a indústria e o varejo enfrentam compressão mais acentuada. Em vez de se apoiar em médias de mercado, é mais prudente utilizar múltiplos ajustados à realidade do seu segmento e país.

Essa abordagem técnica evita a superavaliação e prepara o negócio para uma negociação mais realista.

Prepare-se para negociações mais técnicas

O ambiente atual privilegia quem chega preparado. Empresas que dominam seus números, entendem seu valuation e apresentam relatórios de governança sólidos conseguem defender valor mesmo em mercados retraídos.

Por outro lado, negócios desorganizados ou dependentes de narrativas subjetivas tendem a ceder mais em preço. Transparência, dados auditáveis e coerência estratégica são o novo poder de barganha no M&A.

Conclusão

O ciclo de juros altos não é uma barreira intransponível, mas uma nova régua de qualidade. Empresas que revisam suas premissas, fortalecem a previsibilidade e documentam valor de forma técnica não apenas preservam seu valuation em tempos de juros altos, mas saem à frente quando o mercado retoma.

Em M&A, a preparação continua sendo o melhor antídoto contra a volatilidade.

Como aumentar o valor da sua empresa antes de buscar investidores

Atrair investidores é um dos principais objetivos de empresas em crescimento. Seja para expandir operações, entrar em novos mercados ou desenvolver produtos, o sucesso dessa negociação depende de um fator-chave: como aumentar o valor da empresa para investidores antes mesmo de buscá-los.

Empresas que investem em organização, governança e estruturação estratégica conseguem melhorar sua imagem no mercado e despertar o interesse de fundos e sócios com mais facilidade.

Por que aumentar o valor da empresa antes de buscar investidores?

Antes de apresentar sua empresa a um investidor, é fundamental entender o que eles procuram. Muito além de números no balanço, investidores buscam negócios estruturados, com processos claros, riscos mapeados e potencial de crescimento.

Ou seja, saber como aumentar o valor da empresa para investidores não é apenas desejável é essencial.

Os quatro pilares que influenciam o valuation da empresa

A governança corporativa é uma das ferramentas mais eficazes nesse processo. Ela está apoiada em quatro pilares fundamentais que ajudam a aumentar o valor percebido da empresa:

1. Transparência

Oferecer informações claras sobre contabilidade, contratos, estrutura societária e obrigações reduz incertezas e riscos para os investidores.

2. Equidade

Acordos de sócios bem estruturados e gestão justa garantem estabilidade interna, essencial para qualquer negociação de investimento.

3. Prestação de contas

Com indicadores, relatórios e metas bem definidos, a empresa passa a operar com mais previsibilidade, facilitando a avaliação de seu valor.

4. Responsabilidade corporativa

Empresas que demonstram responsabilidade social, ambiental e ética são melhor vistas pelo mercado, agregando valor intangível à marca.

Case IGHER: valuation dobrado com estrutura e governança

Um de nossos clientes, do setor de saúde, buscava um investidor para acelerar sua expansão.  Apesar de faturar bem, sua estrutura era desorganizada e o valuation estava travado.

Com um trabalho focado em governança, revisamos sua estrutura societária, criamos um comitê de gestão, implementamos KPIs e centralizamos a documentação. E o resultado? Em 12 meses, o valuation dobrou.

Quando começar?

O erro mais comum é iniciar essa preparação após encontrar um investidor interessado. Mas o caminho certo é o oposto: comece agora. Saber como aumentar o valor da empresa para investidores com antecedência permite negociar com mais segurança, atrair propostas melhores e acelerar o fechamento de um bom acordo.

Se você quer tornar sua empresa mais atrativa e valiosa, o time do IGHER pode ajudar. Atuamos com estruturação, governança e M&A para transformar negócios em ativos prontos para o crescimento.

Links recomendados:

Como uma Boa Governança Pode Ajudar no Processo de M&A?

Boa Governança e M&A

Diante de um cenário cada vez mais dinâmico, a busca por novas alternativas de
crescimento e expansão dos negócios tem direcionado empresários a considerarem
o processo de M&A (merger and acquisition), ou, na tradução, fusões e aquisições.
Segundo dados levantados pela KPMG, em 2023 foram realizadas no Brasil 1142
(mil cento e quarenta e duas) operações de fusão e aquisição.
Portanto, ao levar em consideração esse cenário que tem ficado cada vez mais
movimentado, fica evidente a importância da estratégia e da organização para tais
processos, e esses pontos só são alcançados com uma boa governança.

Mas, o que é governança?

A governança se refere às práticas estratégicas que direcionam o funcionamento da
empresa, como ela é administrada, os processos, o planejamento estratégico,
enfim, todos os pilares que tornam um negócio sustentável.
Desse modo, fica evidente a importância de ter uma governança corporativa
estruturada e sólida.
Quando incorporada em um processo de M&A, traz uma série de benefícios que
protegem os interesses de todas as partes, uma vez que, oferece uma base extensa
para estudo de mitigação de riscos, análise de cenários, e, assim, a possibilidade de
melhor tomada de decisões diante de qualquer cenário.

Benefícios da Governança nas fusões e aquisições

● Gestão de riscos

Ter em mãos todos os dados do negócio, questões financeiras, legais, cenário
interno e externo é fundamental para a gestão e mitigação de riscos em possíveis
intercorrências.

● Proteção dos acionistas

A governança visa a proteção de todas as partes envolvidas, trazendo segurança na
tomada de decisões, sejam elas de risco ou mais conservadoras, fortalece a
administração e abre mais espaço para novas injeções de investimento no negócio.

● Interesse de novos investidores

A solidez de uma governança traz credibilidade aos processos, e isso pode resultar
em interesse de novos investidores para as fusões e aquisições, e
consequentemente, beneficia a empresa com mais opções de negociação.

● Valorização do negócio

Como consequência da governança, é natural que a empresa seja vista com
práticas mais éticas e seguras. Ter o controle financeiro, dos processos, do que
acontece dentro do negócio, traz credibilidade, e, como consequência, valorização a
longo prazo do negócio.

Consequências da falta de governança no M&A

Todos os processos citados acima, se ausentam ou ficam “turvos” com a falta de
uma governança eficiente. Na fusão e aquisição é fundamental ter clareza de todos
os dados e da situação em que se encontra a empresa.
Na ausência desses pontos, o negócio se torna muito mais arriscado e transmite
insegurança para os acionistas, e possíveis compradores, levando até mesmo ao
fracasso da negociação.

Conclusão

Fica evidente o quão fundamental é uma boa gestão estratégica aplicada pela
governança.
Tal prática só traz benefícios e segurança para todas as partes envolvidas. As
decisões são tomadas com clareza, a gestão de riscos se torna mais eficiente, e,
claro, a credibilidade que a empresa passa a ter, consequentemente a torna mais
valorizada e atrativa.